quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Os outros morrem, eu não

Minha amiga, sociologa e psicanalista Nilda Jock (niljock@hotmail.com) escreveu um texto para o site Minha Vida (http://www.minhavida.com.br/conteudo/10174-Os-outros-morrem-eu-nao.htm).


Os outros morrem, eu não
Saber lidar com a existência da morte é necessário

Por Minha Vida Publicado em 21/9/2009

Pensando bem, não é a morte que incomoda os seres humanos, mas o conhecimento de que ela existe. O moribundo nos desestrutura, fragiliza nossas defesas tão bem construídas contra a idéia de que nós também vamos morrer. Por isso temos nos tornado cada vez mais incapazes de dar aos que estão morrendo ou aos que sofreram uma perda muito significativa a ajuda, a atenção devida num dos momentos mais difíceis da vida, seja daqueles que estão partindo e muitas vezes precisam de consolo, de companhia, ou aqueles que estão banhados por um luto dolorido. Ficamos pasmos, constrangidos, embotados.

A civilização tem feito isso, isolando aquele que está agonizante. A morte é tirada de cena, passa por uma dissipação, é interceptada como um estorvo. Claro que tudo com muito cuidado e delicadeza sem deixar, contudo, de ser transformada numa fragmentação. A morte e tudo que lhe diz respeito é apartado, porque ela é a expressão mais desavergonhada da nossa decadência.

Lembro-me quando meu pai morreu. A relutância do meu marido em permitir que os nossos filhos, ainda crianças, fossem ao enterro do avô surgiu. O dilema que fiquei entre expor os despojos de uma vida que para eles foi tão importante e a idéia de que talvez fosse melhor que eles guardassem em suas memórias os olhos azuis vivos e a imagem dele brincando com os netos. Esse argumento venceu o gesto e esquivá-los do confronto com o cadáver do avô, com a morte, sua cor e impassividade própria foi o melhor caminho.

Pois é, isso já faz algum tempo, mas hoje pensando no curso que temos seguido no "processo civilizatório" e no incômodo diante da idéia de morte, me dei conta de que sou uma autêntica representante dos dias de hoje.

A morte é para todos uma situação de angústia primitiva, é o medo irrefreável de dissolução do ego. Um medo com o qual não lidamos, pelo contrário, estamos nos aprimorando em disfarçar esse desconforto peculiar dos vivos perante a agonia de uma vida em consumação. Será que um dia acharemos isso um horror e nos envergonharemos?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Briga e Respeito

Minha amiga e psicanalista Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br) foi entrevistada pela jornalista Sabrina Passos. Confira a matéria abaixo. http://vilamulher.terra.com.br/briga-e-respeito-3-1-30-401.html

Briga e Respeito
Por Sabrina Passos

Sabe aquele pé de guerra que você trava com o amado sempre que alguma coisa dá errado? Até para ele existem boas maneiras a serem seguidas - no intuito de preservar a saúde mental (e às vezes física) dos envolvidos.

E claro, não dar um balde de água congelada na relação.

Para não transformar o que já está ruim num pesadelo ainda pior é preciso manter uma espécie de "etiqueta da discussão". A dica da psicóloga e psicanalista Cida Lessa é que o casal, mesmo de cabeça quente, fique atento para o respeito. "É preciso também focar no motivo daquela discussão - e não sair se lembrando de coisas do passado que já deveriam ter sido resolvidas", sugere.

Essa generalização da discussão pode levar a agressões de todo tipo, desde comentários que a gente nem sempre gostaria de dizer até uma violência física completamente desnecessária. "As pessoas perdem a noção do perigo quando estão nervosas, brigando. É preciso tentar manter a calma, mesmo numa discussão calorosa". Se a cena ficar mesmo feia e você perceber que a solução não está próxima, melhor ‘adiar’ a briga para o momento certo, quando a discussão puder ser feita baseada no respeito.

Outra sugestão da psicóloga é que os envolvidos mantenham a consciência de que a briga não nasceu à toa. "Sempre há uma atitude que desencadeia a confusão", lembra. E às vezes ela nasceu com você.

E quando a briga fica pública, num restaurante ou bar? Nada de gritos e choros na frente dos outros. "A briga pesada sempre acaba por ridicularizar o outro. E ninguém tem o direito de fazer isso na frente de desconhecidos ou até amigos", diz Cida. É nessa hora que ela lembra bem de uma coisinha que muitos casais esquecem quase sempre. "As nossas expectativas e decepções são problemas nossos - e não de quem não consegue cumprir o que desejamos. Nesse caso, a terapia ajuda muito a definir os papéis de cada um numa relação".

A parte difícil disso tudo é racionalizar, mesmo na hora da briga. Mas essa atitude pode salvar o relacionamento, melhorando aquilo que parece sem solução. O essencial é evitar a missão impossível de tentar mudar o outro. E nunca promoter aquilo que não se pode cumprir, apenas para apaziguar a situação. "Cobranças e promessas não combinam com brigas e podem gerar ainda mais confusão", ensina Cida. "E não esqueça que é preciso ouvir (e escutar mesmo) o que o outro tem a dizer".

No contrato não assinado que você mantém com a pessoa amada às vezes não estão incluídas cláusulas para colocar regra na hora da discussão. Mas tanto nessas - que precisam sim ser criadas - quanto em todas as outras que você aceita quase que naturalmente - é preciso sempre manter uma condição: o respeito. Ao outro, e a si mesma.

domingo, 11 de outubro de 2009

Aprender com as derrotas

Saiu na Revista Vida Natural & Equilíbrio - edição 28 - 2009

10 Motivos para...
Aprender com as derrotas
por Letícia Gonçalves

01 -A derrota significa a existência de uma tentativa, ou seja, houve coragem para ousar. As chances de conquistas são maiores para quem costuma se arriscar.

02 - A vida é feita de vitórias e derrotas. Não é preciso desistir por causa de um momento ruim. Outros melhores ainda virão.

03 - Perder pode ser apenas parte de uma história de superação. É um momento da vida em que algo não saiu como deveria, mas a vontade em continuar talvez possa mudar o desfecho.

04 - Veja por outro lado: você pode ganhar com esse momento, pensando em quais atitudes colaboraram para a derrota e como poderiam ser melhoradas.

05 - Ao entender a derrota como um aprendizado, você terá uma qualidade de vida melhor, já que irá aumentar sua sabedoria.

06 - A derrota pode afastá-lo, em um primeiro momento, de seus objetivos. Por outro lado, ao observar o que deu errado, você saberá elaborar estratégias diferentes para atingi-los.

07 - A situação é ótima para aprender a lidar com as dificuldades, aumentando a capacidade de encarar e suportar futuros momentos de dor.

08 - Refletir sobre o fracasso pode ser um excelente modo de se tornar mais humilde e cauteloso, agindo com mais atenção da próxima vez.

09 - Você também terá melhor conhecimento de seus limites, sabendo como reagir cada vez que se deparar com eles.

10 - Como todo momento da vida pode proporcionar um aprendizado diferente, saber como aproveitar cada um deles pode deixá-lo com mais maturidade mental e emocional.

Fontes: Claudia Finamore, psicóloga e psicanalista; Julio Peres, psicólogo clínico e doutor em Neurociências pela Universidade de São Paulo (USP).

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Encontro às escuras

Mais uma matéria do Portal Ig.


Confira as 12 regras para quem vai ao encontro ou para quem quer promover um


por Vladimir Maluf

Você não aguenta mais ver o seu amigo solteiro? Ou ao contrário: seu amigo resolveu te apresentar uma amiga que, segundo ele, tem tudo a ver com você? Para as duas situações, existem regras a seguir. O psicólogo Paulo Tessarioli diz que “a melhor forma de conduzir um encontro desta natureza é tendo bom senso”. E dá a dica: “Preocupe-se em criar uma imagem positiva sobre você. A admiração é um dos ingredientes essenciais de uma boa relação afetiva e sexual.”


A psicóloga Claudia Finamore também concorda. “Há regras básicas que devem ser respeitadas em todo encontro: vá bem arrumado, perfumado, seja simpático e educado”. Paulo lembra ainda que, mesmo que não tenha uma boa impressão inicial, você pode pensar numa segunda chance. “Não pense em transformar aquele encontro, tão rápido, na oportunidade de ter alguém com parceira. Naquele dia pode não rolar, mas quem sabe depois ou até mesmo no futuro?”, sugere o especialista.


Se você é o candidato


Veja as dicas da psicóloga Claudia Finamore, para você que vai ao encontro da pretendente escolhida pelo seu amigo:


1. Informe-se bem sobre o local do encontro. “Não seja expansivo demais, se o ambiente não permite. Não use roupas muito formais se não for necessário... A adequação à situação é importante: desde o tipo de roupa ao comportamento”, diz Claudia.


2. Tenha cuidado redobrado com a educação, orienta. “Os apresentados precisam lembrar sempre que há uma amizade envolvida nessa situação.”


3. Vá com calma! “Não saia agarrando a moça na frente do amigo, para não ficar constrangedor. Deixe as coisas rolarem numa boa. Talvez seja melhor esperar um próximo encontro, só os dois, para ter alguma intimidade.”


4. Se você não curtiu a moça, disfarce. “Por ter um amigo envolvido, não dá para deixar explicito que você não gostou da mulher”, diz a psicóloga. “Não dá para ir pegar uma cerveja e não voltar mais...”


5. Durante a conversa com a moça, não fique envolvendo seu amigo. “Não fale de intimidades da amizade. Você não sabe o que a amiga sabe sobre ele.”


6. Se você acha que o próximo encontro não rola, fale isso com jeitinho, avisa a psicóloga. “É mais fácil não entrar em detalhes nessa hora. Diga simplesmente que não rolou, pois a pessoa entende e fica tudo bem. Não precisa estender essa conversa...”


Se você é o cupido


Agora, Claudia Finamore explica quais são as regras a seguir se você resolveu desencalhar o seu amigo:


1. Cuidado com o exagero na propaganda. “Não ‘borde de ouro’ uma pessoa para a outra, para não criar muita expectativa. Quando maior ela for, mais alta é possibilidade de decepção.”


2. Não tente também construir a imagem de um para o outro. “Permita que as pessoas tenham a própria percepção. A imagem que você constrói é diferente da que o outro enxerga. Então, é inevitável que você erre. Se fizer isso, na hora do encontro, eles verão que tudo aquilo que você falou não bate.”


3. Descreva a pessoa, claro. Porém, sem riqueza de detalhes... “Diga como é, no que trabalha, quantos anos tem... Não conte toda a vida de um para o outro. Você não sabe o quanto essa pessoa quer abrir sua intimidade. Geralmente, os amigos contam a vida toda do outro. Deixe que a pessoa escolha o que quer contar.”


4. Na hora do encontro, não seja inconveniente. “Se estiverem só vocês três, não exclua ninguém da conversa, como ficar falando de assuntos que só você e um dos amigos conhece. Se estiverem em quatro, melhor, mas faça com que a conversa sempre gire em torno de todos, mesmo que, às vezes, tenham conversa apenas entre os casais.”


5. Cuidado com o ciúme. “É comum a pessoa que resolveu apresentar os amigos ficar enciumada, quando nota que as novas pessoas estão se entrosando demais. Aí, incomodado, o que proporcionou o encontro começa a ser inconveniente. Não faça isso.”


6. Embora ele seja muito seu amigo e você o conheça bem, o mais comum é as pessoas escolherem um pretendente para outra pessoa baseada nos próprios parâmetros. “Lembre-se que um bom partido para um nem sempre é um bom partido para o outro.”