Minha amiga Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br), psicóloga e psicanalista com especialização em sexualidade humana, participou de uma entrevista sobre orgasmo feminino publicada na revista Malu.
Prazer feminino
Você sabe o que faz diferença na hora de atingir o orgasmo?
Texto de Aline Mendes publicado na revista Malu (6 de agosto de 2009, ano 11, no 371)
Em uma pesquisa de 2003, realizada em 13 Estados brasileiros com 7.103 pessoas, 26,2% das mulheres admitiram ter dificuldades para atingir o orgasmo. Em 2009, o problema persiste. Os fatores físicos que podem desencadear esse problema podem ser diagnosticados com a ajuda de um ginecologista. E os aspectos psicológicos? Como vencer os bloqueios que impedem o prazer?
Desvende as causas
De acordo com Cida Lessa, psicóloga especialista em sexualidade humana, a falta de orgasmo ou prazer, chamada de anorgasmia, normalmente está ligada a algumas questões psicológicas.
“Elas podem ser conscientes e, muitas vezes, inconscientes, daí a necessidade de um tratamento psicológico para que a pessoa possa identificar suas reais dificuldades e aprender a lidar com elas”, esclarece.
A especialista reforça que é importante conversar com um médico para descartar a possibilidade de ser algo fisiológico, como um desequilíbrio nas taxas hormonais.
Bloqueios e tabus
Há apenas algumas décadas, a sexualidade feminina era reprimida, tudo era proibido e a mulher não aprendia, nem podia, expressar seus anseios na intimidade.
“Atualmente, muito se fala sobre o assunto, porém, informação demais não basta, é preciso que haja conhecimento. Nesse caso, do próprio corpo, dos sentimentos, das sensações e dos desejos. Isso sim poderá facilitar a obtenção de uma resposta sexual satisfatória”, acredita Cida.
Para a psicóloga, não existe uma fórmula para chegar ao orgasmo, pois cada pessoa vai responder e reagir de acordo com as suas necessidades pessoais.
“Algumas mulheres precisam de maior estímulo do que outras. Isso é normal, podendo variar e mudar de acordo com a maturidade de cada uma frente a sua vida sexual”, completa.
O que atrapalha
Cobrar demais de si mesma entre os lençóis só aumenta a ansiedade, o que nunca é positivo. “Sempre lembrando que uma vida sexual satisfatória é um direito, não um dever”, destaca a psicóloga.
Por outro lado, não adianta nada atribuir ao parceiro a responsabilidade pelo próprio prazer.
“O homem pode ajudar sendo companheiro, não reprimindo as iniciativas dela, estimulando as zonas erógenas e dando liberdade para falarem sobre suas curiosidades, fantasias, desejos e motivações, mas não é uma obrigação fazer com que a parceira atinja o orgasmo”, explica.
Quando alguém assume o controle na hora H, falta intimidade ou há expectativas demais, os momentos a dois são afetados.
O que ajuda
Criar um clima gostoso e descontraído com o par é o primeiro passo. Em pé de guerra não há prazer que resista.
Depois, é indispensável esquecer as preocupações com trabalho, horários, filhos... Não adianta dedicar um tempo à intimidade se não se concentrar totalmente nela.
Não deixe a sexualidade em segundo plano. Quando ela vai bem, é possível que outras áreas também sejam favorecidas.
Entre quatro paredes, tente relaxar, se entregar por completo e tomar iniciativas para dar e receber prazer. Afinal, mais importante do que o orgasmo é curtir o momento com quem ama.
“Permita-se fantasiar e se conhecer, descubra como e onde gosta de ser tocada e estimule sua imaginação com livros eróticos, filmes... Quem sabe isso pode ajudá-la”, sugere Cida.
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