quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Prazer feminino

Minha amiga Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br), psicóloga e psicanalista com especialização em sexualidade humana, participou de uma entrevista sobre orgasmo feminino publicada na revista Malu.

Prazer feminino

Você sabe o que faz diferença na hora de atingir o orgasmo?

Texto de Aline Mendes publicado na revista Malu (6 de agosto de 2009, ano 11, no 371)

Em uma pesquisa de 2003, realizada em 13 Estados brasileiros com 7.103 pessoas, 26,2% das mulheres admitiram ter dificuldades para atingir o orgasmo. Em 2009, o problema persiste. Os fatores físicos que podem desencadear esse problema podem ser diagnosticados com a ajuda de um ginecologista. E os aspectos psicológicos? Como vencer os bloqueios que impedem o prazer?

Desvende as causas

De acordo com Cida Lessa, psicóloga especialista em sexualidade humana, a falta de orgasmo ou prazer, chamada de anorgasmia, normalmente está ligada a algumas questões psicológicas.
“Elas podem ser conscientes e, muitas vezes, inconscientes, daí a necessidade de um tratamento psicológico para que a pessoa possa identificar suas reais dificuldades e aprender a lidar com elas”, esclarece.
A especialista reforça que é importante conversar com um médico para descartar a possibilidade de ser algo fisiológico, como um desequilíbrio nas taxas hormonais.

Bloqueios e tabus

Há apenas algumas décadas, a sexualidade feminina era reprimida, tudo era proibido e a mulher não aprendia, nem podia, expressar seus anseios na intimidade.
“Atualmente, muito se fala sobre o assunto, porém, informação demais não basta, é preciso que haja conhecimento. Nesse caso, do próprio corpo, dos sentimentos, das sensações e dos desejos. Isso sim poderá facilitar a obtenção de uma resposta sexual satisfatória”, acredita Cida.
Para a psicóloga, não existe uma fórmula para chegar ao orgasmo, pois cada pessoa vai responder e reagir de acordo com as suas necessidades pessoais.
“Algumas mulheres precisam de maior estímulo do que outras. Isso é normal, podendo variar e mudar de acordo com a maturidade de cada uma frente a sua vida sexual”, completa.

O que atrapalha

Cobrar demais de si mesma entre os lençóis só aumenta a ansiedade, o que nunca é positivo. “Sempre lembrando que uma vida sexual satisfatória é um direito, não um dever”, destaca a psicóloga.
Por outro lado, não adianta nada atribuir ao parceiro a responsabilidade pelo próprio prazer.
“O homem pode ajudar sendo companheiro, não reprimindo as iniciativas dela, estimulando as zonas erógenas e dando liberdade para falarem sobre suas curiosidades, fantasias, desejos e motivações, mas não é uma obrigação fazer com que a parceira atinja o orgasmo”, explica.
Quando alguém assume o controle na hora H, falta intimidade ou há expectativas demais, os momentos a dois são afetados.

O que ajuda

Criar um clima gostoso e descontraído com o par é o primeiro passo. Em pé de guerra não há prazer que resista.
Depois, é indispensável esquecer as preocupações com trabalho, horários, filhos... Não adianta dedicar um tempo à intimidade se não se concentrar totalmente nela.
Não deixe a sexualidade em segundo plano. Quando ela vai bem, é possível que outras áreas também sejam favorecidas.
Entre quatro paredes, tente relaxar, se entregar por completo e tomar iniciativas para dar e receber prazer. Afinal, mais importante do que o orgasmo é curtir o momento com quem ama.
“Permita-se fantasiar e se conhecer, descubra como e onde gosta de ser tocada e estimule sua imaginação com livros eróticos, filmes... Quem sabe isso pode ajudá-la”, sugere Cida.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sexo na gravidez

Mais uma entrevista da minha amiga Nilda Jock (niljock@hotmail.com) ao jornalista Vladimir Maluf, do portal Ig (http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/08/03/minha+mulher+esta+gravida+7458981.html)


"Minha mulher está grávida"
03/08 - 11:52hrs

Manter uma vida sexual ativa nessa fase é saudável para ambos os lados

Vladimir Maluf

É diferente quando você olha sua mulher e ela tem um novo corpo: agora, com a maternidade estampada para quem quiser ver. Porém, é um erro abandonar o sexo durante a gestação, de acordo com Carolina Ambrogini, ginecologista e coordenadora do projeto Afrodite da Unifesp. “As mulheres necessitam se sentir desejadas. Precisam ser olhadas como mulheres, não apenas como mães”, diz ela.

De olho no calendário

A médica explica que sexualidade muda conforme a etapa da gravidez. “No primeiro trimestre, ela sente muito sono e enjoos. Além disso, existe a fantasia de que ela pode perder o bebê, e isso não é verdade”, afirma a médica. “Se não há contraindicação do médico, como um sangramento, por exemplo, as relações podem ocorrer.”

No segundo trimestre, é a melhor fase, diz ela. “A mulher tem até mais desejo depois do terceiro mês, mas é aí que o homem começa a associar a mulher à figura materna e não quer transar. Porém, os homens deveriam saber que é bom esse vínculo”, aconselha Carolina. “O casal não pode ter uma relação muito fraternal e esquecer que a relação homem-mulher é importante.”

Já no terceiro trimestre, a barriga incomoda os dois. Mas, mesmo assim, se não há proibição médica, não há motivos para jejum. “É difícil, mas se está indo tudo bem, não tem problema nenhum... Nessa fase a mulher está mais cansada, com dores e menos disposta. Mas é possível manter relações sem muitos malabarismos”, diz ela, que aconselha as posições em que a mulher fica de lado ou por cima.

“Outro mito que é muito comum é o de que o espermatozoide pode atingir o bebê, mas não é real, pois o colo do útero fica vedado. Além disso, o muco da vagina fica hostil ao espermatozoide. Então, ele nem consegue chegar”, afirma. E a médica alerta que se existir dilatação, sangramento ou risco de parto prematuro, aí, sim, tem que procurar o médico e seguir a orientação dele.

Não perca o apetite sexual

Carolina diz, ainda, que o homem deve continuar a elogiar a mulher. “Diga que ela está sensual, mesmo que você não ache muito... E lembre-se que é bom aproveitar esse período, porque, depois do parto, haverá o resguardo, a amamentação – que diminui o desejo – e um bebê dá muito trabalho”, aconselha.

Nilda Jock, psicanalista e socióloga de São Paulo, também aconselha que o marido não se afaste da esposa. “De um modo geral, as pessoas aceitam bem a forma física na gravidez. Mas há um incômodo que a mulher sente em relação à própria imagem”, explica ela. “Há a insegurança de nunca mais voltar à forma e o marido deve ajudá-la a lidar com isso.”

E uma maneira de passar segurança é não evitar o sexo. “O homem tem dificuldade de lidar com essa nova mulher, ou porque muda o perfil dela ou porque o remete à própria mãe. Mas isso pode mexer com autoestima dela. Se o homem a evita, ela acaba se sentindo feia.”

Assim como Carolina, Nilda defende que elogiar a mulher é importante. “Essa é uma ferramenta para ser usada sempre. No caso da mulher grávida, mais ainda, pois tem a questão de ela estar se transformando. É muito saudável que os maridos elogiem suas esposas grávidas”.