quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Violência emocional também dói

Minha amiga, psicóloga e psicanalista Cora Ferreira (cora.ferreira@branfer.com) foi entrevistada pela jornalista Sabrina Passos. Leia a matéria na íntegra. (http://vilamulher.terra.com.br/violencia-emocional-tambem-doi-3-1-30-341.html)


Criado em Qui, 23/07/2009 09h43
Por Vila Dois

Existe uma violência silenciosa que, às vezes, machuca muito mais que física.

Esse tipo de “agressão”, que abala o emocional muito mais que as estruturas do corpo, acontece quando alguém se submete, normalmente por medo, ao “poder” desproporcional do outro. E, quase sempre, acontece sem perceber.

Quem sofre de violência emocional, numa relação amorosa, por exemplo, esquece a própria vida, abandona os estímulos e as próprias vontades. Muito do que vive, em geral, tem a ver com o desejo e satisfação do outro, numa submissão inconsciente. “Isso porque essa pessoa tem a tendência a acreditar nas críticas e insultos recebidos, sem forças para argumentar”, diz a psicóloga Cora Ferreira, de São Paulo. “A relação afetiva entre essas pessoas impede a rapidez e a clareza da percepção das manipulações e ameaças”.

Segundo Cora avalia, o agressor é normalmente simpático, extrovertido e educado, do tipo que conquista fácil a confiança, mas que tende a ser controlador e hostil. E o agredido se mostra frágil emocionalmente, inseguro e com baixa auto-estima. Desta forma, os dois acabam por formar uma “dupla perfeita” nas suas imperfeições. “A questão da violência emocional acontece por conta dos dois lados. É uma dupla que vai encontrando uma forma de sobrevivência: um abusa para mostrar e sentir-se poderoso, o outro cede porque se sente inferior e culpado - e isto vai se tornando um ciclo vicioso. Alguns gostam de agredir. Outros de apanhar”.

Entre as formas dessa violência que não deixa marca no corpo está humilhar, depreciar, fazer chantagem com cenas melodramáticas e desmerecimentos, levando o outro a crer na culpa, na inferioridade e incapacidade frente a situações como cuidar de si, da casa ou dos filhos. “Em geral, o agressor minimiza os argumentos do outro e, de forma egocêntrica, aumenta os seus, dizendo que são mais importantes e urgentes. Busca satisfação constante de suas vontades, enquanto responsabiliza o outro pelas questões negativas de suas vidas”, diz Cora, que é especialista em psicoterapia psicanalítica.

Para fugir desse agressor, que usa da força verbal, psicológica e moral para minimizar o parceiro, é preciso primeiro identificá-lo. “Essas pessoas normalmente têm o sentimento de inferioridade encoberto e, para dar conta do mal-estar que sente, dilapida as bases do outro”, explica a psicóloga.

Se ainda assim não é possível enxergar o agressor - o amor bandido às vezes transfigura a realidade - uma boa saída é olhar para si e pensar a respeito dos sonhos, desejos e o tem feito com isso. “Se estiver satisfeita, tudo bem! Mas, e se fica muito infeliz com isso? Com certeza vai ter que dar um basta nesta forma de relação. Se ficar presa à necessidade de satisfação de alguém, sem levar nada de bom, a vida cobra mais pra frente”, alerta Cora. E aí, no meio desse círculo vicioso, a vítima se afasta de parentes e amigos e acaba isolada.
A psicóloga sugere então o diálogo como início de uma nova cara para a relação. Colocar as questões sobre a mesa e lavar a roupa suja são saídas. Outra opção é se aproximar de amigos e familiares que possa confiar e pedir ajuda. “Mas isto é só o primeiro passo, já que as marcas podem ser muito profundas, não só com relação ao que viveu com o parceiro, como também uma decepção pessoal, por ter se prestado a esta vivência, sem ter se libertado para sua vida há mais tempo”, diz Cora.

Quanto a isso, a profissional sugere ajuda psicológica, principalmente para buscar entender porque se permitiu viver isto. “Perguntas sobre como aprender com o erro são imprescindíveis para experiências diferentes, no futuro”.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mulher em sociedade com outro homem

Minha amiga, sociologa e psicanalista Nilda Jock (niljock@hotmail.com) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf. Confira a matéria.













Você já teve uma mulher em sociedade com outro homem?
03/09 - 11:58hrs


Entenda o que passa pela cabeça dos homens que compartilham uma mesma mulher

Vladimir Maluf


Por que eles topam dividir a mesma mulher? “Porque é divertido”, resume André*, de 30 anos. Muitos homens acham bacana dividir a experiência de sair com a mesma mulher, ao mesmo tempo. André acredita que, nesse caso, o homem não é culpado por desvalorizar a mulher. “Se ela concorda com essa situação, a culpa não é minha”. E ele defende a velha teoria de que há dois tipos de mulheres: “as que são para casar e as que são para se divertir.”

Rafael*, 25 anos, diz que não trata uma mulher diferentemente do que ela o trata. “Se você sai com uma mulher que um amigo também transa, ela é só uma diversão para vocês. O mesmo vale para ela: os homens estão sendo, para essa mulher, um objeto”, posiciona-se. “Nessas situações, ninguém quer nada sério. Se não for ferir um dos três, não há problema.”

Luciana* já participou desse tipo de aventura e defende que tem todo o direito. “Não sei que nome dar a isso. Se querem me chamar de promíscua, podem chamar. Não me preocupa”, garante a moça de 31 anos. “Os homens fizeram isso a vida inteira e sempre foram aplaudidos. E acho que tem um agravante: eles saem com a mesma mulher para comentar com os amigos. A mulher, não: ela topa por prazer.”

A psicanalista e socióloga Nilda Jock diz que, nesses casos, é preciso pensar em hipóteses para entender esse comportamento masculino. “Uma dessas hipóteses é que existe no imaginário dos homens que a mulher é feita para o desfrute. Na história do Brasil, no período colonial, isso já era bem comum: que existiam mulheres para se divertir e outras para casar.”

Outra hipótese, segundo ela, é que o homem não esteja conseguindo compreender ainda a liberdade sexual que a mulher conquistou. “O homem tem dificuldade de equiparar os sexos. É uma questão cultural e ideológica que não se transforma em uma década. Leva tempo... Os movimentos de libertação da mulher começaram nos anos 60 e a aceitação é paulatina. O homem também fica fragilizado diante da nova mulher.”

Mas o caminho, segundo Nilda, é se aprofundar nessas questões e não ficar na posição de vítima. “É como se ele fosse a nova vitima na relação entre os gêneros. Ao invés de rever seus padrões de comportamento e se enquadrar nessas transformações, ele acha que é o caso de desfrutar dessa mulher, como se fosse um novo objeto.”

A especialista cita que o sexo masculino já aceita outras mudanças. Poderia, então, repensar sobre a sexualidade feminina. “Os homens já esperam que essa mulher trabalhe fora, que ajude a prover a casa, mas com relação à sexualidade ainda tem uma visão deformada, tradicional, retrógrada...”

E é condenável simplesmente ignorar a revolução sexual e desrespeitar essa liberdade. “Quanto mais o homem parar para refletir, melhor: ele vai ser mais evoluído. Sem dúvida nenhuma, uma pessoa mais preparada tem uma visão mais crítica dessa realidade. Quem recebe as mudanças culturais sem refletir, sem ler, sem se informar, tende a ficar para trás.”

(http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/09/03/voce+ja+teve+uma+mulher+em+sociedade+com+outro+homem+8115920.html)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Minha amiga psicóloga e psicanalista
Cida Lessa (cida.lessa@ig.com.br)
foi entrevistada pelo jornalista
Wladimir Maluf.

Confira a matéria.
















Não tenha preconceito com o vibrador

http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/07/26/nao+tenha+preconceito+com+o+vibrador+7419944.html 26/07 - 08:30hrs

Esse brinquedinho erótico pode animar a sua parceira sem competir com você

Vladimir Maluf

É compreensível que você leve um susto se, de repente, no meio da transa, sua parceira abrir a gaveta do criado-mudo e tirar um pênis de borracha gigantesco. Pior ainda se ele vibrar! Acalme-se... Saiba que o vibrador pode ser um bom estimulante, deixando a transa mais quente.


A psicóloga e psicanalista com especialização em Sexualidade Humana, Cida Lessa, diz que é comum o homem se sentir ameaçado pelo equipamento. “Não apenas pelo vibrador, mas, principalmente, pela atitude da parceira. Os homens ainda se assustam com o atual comportamento feminino. Independência e determinação podem gerar nos homens sentimentos de insegurança, desconfiança e aversão”, esclarece.


Usar um objeto na relação costuma ser algo bem delicado e ela explica que é importante que os parceiros conversem a respeito de suas fantasias, desejos e curiosidades. “Sem dúvida, isso ajudará os dois a encontrarem estímulos comuns para incrementarem a relação sexual, caso haja necessidade ou vontade.”


Isso não é uma competição


Não pense que o fato de ela propor a utilização de algum acessório signifique que você não a está satisfazendo. “Pelo contrário: pode mostrar que existe uma confiança e intimidade entre o casal, permitindo que a parceira se sinta à vontade para falar sobre seus desejos”, afirma Cida. “Muitas vezes, o preconceito não é da própria pessoa. Ele ouviu e aprendeu a agir com certa repulsa, exatamente por achar que poderá ser substituído.”


A especialista diz, também, que não há motivo para ficar bravo ou enciumado. Pode ser uma boa ideia... “Para alguns casais poderá, sim, ser estimulante. Uma forma de descobertas, intimidades e exploração, porém é importante não esquecer que o vibrador é um instrumento, um complemento que pode ajudar a erotizar a relação. Fiquem atentos para que ele não se transforme na única forma de obterem o prazer.”


Modo de usar


Elen Louise, da boutique carioca Madame Blanchye e especialista na arte de seduzir, indica que, para não ficar impressionado com o tal brinquedinho, é bom usar os vibradores que não têm formato de pênis. “Como os que têm forma de bichinhos ou o chamado de ‘bullet’”, indica ela.


“Uma boa ideia é usar como massageador e um ir massageando o corpo do outro, descobrindo novas sensações, até chegar nos pontos erógenos e estimular essas regiões, como: períneo, região anal, pequenos e grandes lábios, clitóris”.


E Elen ensina como conseguir que ela atinja o orgasmo só com o vibrador. “Depois da brincadeira pelo corpo, passe-o levemente ao longo da vulva e no clitóris na intensidade mais baixa e depois vá aumentando”. Outra sugestão é pedir para que ela use sozinha, para ir se acostumando com o acessório.


Elas aprovam


“Um vibrador é um complemento, uma diversão a mais na hora do sexo. Adoro quando meu namorado usa em mim quando está fazendo sexo oral, é uma delicia!”, diz Rachel Souza, 29 anos. Outra mulher que aprova é Priscila Marques, 42 anos. “A principio meu namorado resistiu um pouco em incluir o vibrador na hora da relação, mas aos poucos fui brincando sozinha na frente dele e ele acabou aderindo, hoje em dia adora e sabe que melhorou muito nossa relação.”

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Filhos únicos: amados (ou mimados) demais?

Minha amiga, psicóloga e psicanalista Claudia Finamore concedeu uma entrevista à jornalista Tissiane Vicentin, cuja matéria foi publicada em 17/08/2009 no site http://vilamulher.terra.com.br/filhos-unicos-amados-ou-mimados-demais-8-1-55-279.html


Filhos únicos: amados (ou mimados) demais?
por Tissiane Vicentin

No corre-corre da vida cotidiana moderna, muitos casais optam por ter apenas um filho. Alguns são porque não querem mesmo outra criança. Outros por falta de condições financeiras.

Seja qual for o motivo, essa é a realidade de muitas famílias.

O filho único pode ser sinônimo de conforto. Por ser o primeiro, normalmente ganham dos pais tudo de bom e do melhor. Não que isso seja ruim, mas alguns pais simplesmente não impõem limites e os filhos acabam vítimas de tanta atenção. Acabam mimados, acomodados, birrentos, egoístas e apresentam mais um bocado de problemas que, se não resolvidos durante a infância, podem se tornar uma dificuldade na vida adulta.

“Muitos pais acham que devem dar tudo o que podem ao filho, por ser único, cultivando a idéia de que ele é o centro do mundo. A criança, ao crescer com excesso de tudo, não aprenderá a valorizar o que tem, sentindo-se sempre insatisfeito. Ser feliz com o que se tem é um importante aprendizado”, alerta a psicóloga e psicanalista Cláudia Finamore, de São Paulo.

Por esse motivo, os papais de primeira viagem devem prestar muita atenção em como tratam e educam seus filhos. Alguns dos principais problemas enfrentados nessa situação têm solução. E sem desesperos.

Para a superproteção, por exemplo, tão presente nesses casos, a psicóloga ensina: “entre a proteção saudável e a exagerada, muitos pais sentem dificuldade em estabelecer seus próprios limites, mantendo uma relação confusa com o filho, gerando incompreensão e prejudicando a autoconfiança da criança”. Moderando a preocupação e policiando a insegurança normal que os pais sentem com relação ao primeiro filho, eles estarão contribuindo para uma relação harmoniosa para ambas as partes. “Os pais devem saber lidar com suas inseguranças e expectativas para que não exagerem nos cuidados e nas cobranças em relação ao filho único”, completa.

Outro desafio enfrentado pelos pais é não mimar os filhos. Uma solução é fazer com que ele aprenda a dividir e, para isso, é necessário que ele tenha com quem dividir. “O filho único, em casa, tem poucas oportunidades de dividir espaços, atenções, emprestar e pegar emprestado. Os pais podem facilitar a socialização do filho único com outras crianças, os deixando frequentar a casa de primos e amigos, como também convidar crianças para sua casa”, sugere Claudia. Ela afirma ainda que é fundamental os pais não se colocarem 24 horas à disposição dos filhos. Assim, eles estabelecem limites e a criança entende o quão importante é aprender a dividir e aguardar a sua vez.

Para finalizar, é muito importante que os pais aprendam a lidar com suas próprias frustrações e não depositem os sonhos nos filhos, esperando que eles sejam aquilo que não são. “O filho único sente-se muito cobrado, acreditando precisar ser perfeito em tudo o que se dispõe a fazer. Essa alta expectativa pode levar a criança a ficar ansiosa e insegura, prejudicando o desenvolvimento”, encerra a psicóloga.

Tomando um pouquinho de cuidado, os pais só contribuirão para o crescimento saudável de seus pimpolhos. Com essas dicas, resta apenas dar todo amor e carinho que puder. Mas sem exageros, claro!