terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mulher em sociedade com outro homem

Minha amiga, sociologa e psicanalista Nilda Jock (niljock@hotmail.com) foi entrevistada pelo jornalista Vladimir Maluf. Confira a matéria.













Você já teve uma mulher em sociedade com outro homem?
03/09 - 11:58hrs


Entenda o que passa pela cabeça dos homens que compartilham uma mesma mulher

Vladimir Maluf


Por que eles topam dividir a mesma mulher? “Porque é divertido”, resume André*, de 30 anos. Muitos homens acham bacana dividir a experiência de sair com a mesma mulher, ao mesmo tempo. André acredita que, nesse caso, o homem não é culpado por desvalorizar a mulher. “Se ela concorda com essa situação, a culpa não é minha”. E ele defende a velha teoria de que há dois tipos de mulheres: “as que são para casar e as que são para se divertir.”

Rafael*, 25 anos, diz que não trata uma mulher diferentemente do que ela o trata. “Se você sai com uma mulher que um amigo também transa, ela é só uma diversão para vocês. O mesmo vale para ela: os homens estão sendo, para essa mulher, um objeto”, posiciona-se. “Nessas situações, ninguém quer nada sério. Se não for ferir um dos três, não há problema.”

Luciana* já participou desse tipo de aventura e defende que tem todo o direito. “Não sei que nome dar a isso. Se querem me chamar de promíscua, podem chamar. Não me preocupa”, garante a moça de 31 anos. “Os homens fizeram isso a vida inteira e sempre foram aplaudidos. E acho que tem um agravante: eles saem com a mesma mulher para comentar com os amigos. A mulher, não: ela topa por prazer.”

A psicanalista e socióloga Nilda Jock diz que, nesses casos, é preciso pensar em hipóteses para entender esse comportamento masculino. “Uma dessas hipóteses é que existe no imaginário dos homens que a mulher é feita para o desfrute. Na história do Brasil, no período colonial, isso já era bem comum: que existiam mulheres para se divertir e outras para casar.”

Outra hipótese, segundo ela, é que o homem não esteja conseguindo compreender ainda a liberdade sexual que a mulher conquistou. “O homem tem dificuldade de equiparar os sexos. É uma questão cultural e ideológica que não se transforma em uma década. Leva tempo... Os movimentos de libertação da mulher começaram nos anos 60 e a aceitação é paulatina. O homem também fica fragilizado diante da nova mulher.”

Mas o caminho, segundo Nilda, é se aprofundar nessas questões e não ficar na posição de vítima. “É como se ele fosse a nova vitima na relação entre os gêneros. Ao invés de rever seus padrões de comportamento e se enquadrar nessas transformações, ele acha que é o caso de desfrutar dessa mulher, como se fosse um novo objeto.”

A especialista cita que o sexo masculino já aceita outras mudanças. Poderia, então, repensar sobre a sexualidade feminina. “Os homens já esperam que essa mulher trabalhe fora, que ajude a prover a casa, mas com relação à sexualidade ainda tem uma visão deformada, tradicional, retrógrada...”

E é condenável simplesmente ignorar a revolução sexual e desrespeitar essa liberdade. “Quanto mais o homem parar para refletir, melhor: ele vai ser mais evoluído. Sem dúvida nenhuma, uma pessoa mais preparada tem uma visão mais crítica dessa realidade. Quem recebe as mudanças culturais sem refletir, sem ler, sem se informar, tende a ficar para trás.”

(http://estilo.ig.com.br/noticia/2009/09/03/voce+ja+teve+uma+mulher+em+sociedade+com+outro+homem+8115920.html)

Um comentário:

Laura Fuentes disse...

Boa reflexão sobre o tema personificado com humor pela personagem Aline, criada pelo cartunista Adão Iturrusgarai em suas tiras na Folha de São Paulo, e que agora virou um seriado na TV Globo. Aline tem dois namorados, Otto e Pedro, os dois a amam e não estão nem aí para o que os outros pensam. Está na hora da mulher deixar de se vitimizar e ser feliz com seus instintos.