sexta-feira, 9 de julho de 2010

O preço da sociedade moderna

Vagando entre o que se pode e o que se deve atingir

Publicado em http://www.minhavida.com.br/conteudo/10161-O-preco-da-sociedade-moderna.htm

Como ter uma barriga tanquinho, perder 20 kg em 3 meses? Como conseguir uma promoção no trabalho em menos de um ano, ter orgasmos múltiplos? Como eliminar a birra dos filhos em uma semana? Quais os dez segredos para o sucesso? Como preparar um jantar inesquecível em 30 minutos?

Essas e outras perguntas indicam o que se espera de uma pessoa na sociedade atual. É preciso ter beleza, dinheiro, informação, inteligência, esperteza, motivação, rapidez. Não há espaço para a reflexão, tristeza, introspecção, doença, acomodação, como se nada disso fizesse parte da vida e do ser humano. Essas situações e esses sentimentos são sinônimos de horror, e quem a eles cede ? como se fosse uma opção racional ? é visto como uma pessoa com distúrbios, que não enxerga a vida como ela é: alegre, agitada, a mil por hora.

É penoso para a sociedade aceitar a diferença, e o modelo que se busca atualmente é um ideal inatingível, uma suposta felicidade que nunca se alcança, uma eficácia plena nas diversas áreas da vida: social, familiar, profissional, financeira, física, lazer, ecológica. O perfeito é pouco.

Essa obsessão com a imagem e o desempenho cria muitos problemas para a sociedade, provocando graves distúrbios comportamentais. Alguns exemplos são depressão, ansiedade, anorexia, bulimia, excesso de peso, hiperatividade e distúrbio de atenção, como também, estimula o uso de álcool, drogas ? lícitas ou não ? e tabaco.

Um olhar crítico para essa situação é um importante caminho para a aceitação das diferenças, das singularidades e da liberdade. A moderação e a autonomia para buscar o que lhe faz bem é a direção para alimentar o amor próprio e conquistar uma vida mais saudável.


Claudia Finamore

Um comentário:

Laura Fuentes disse...

Adorei o texto. Ele sintetiza minha opinião. Essa pressão para se obter sucesso, corpo perfeito, a carreira dos sonhos, o casamento perfeito e os filhos modelos, talvez seja o que esteja levando tanta gente a consumir a terrivel literatura de autoajuda do tipo "como ser feliz em dez passos". Falta leitura, conhecimento e pensamento crítico.