sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Feios, Sujos e Malvados - o outro lado do outdoor

Assistindo ao filme Feios, Sujos e Malvados (Ettore Scola) e refletindo através do ponto de vista do texto O Mal-estar na Civilização, de Sigmund Freud, eu diria que essa família representa um grupo da Horda Primeva. O Grande Pai, que tudo pode, detém o poder representado pelo dinheiro, e todos da família querem tirá-lo do topo da hierarquia. A questão do texto aponta para a natureza grosseira do ser humano. Porém, devido a necessidade maior de sobrevivência, vê-se obrigado a conviver em grupos, surgindo regras para o bom convívio. Desse modo, reprime sua natureza animalesca para possibilitar o advento civilizatório. O que o filme mostra é o lado de trás do out-door, o lado da pulsão de morte, da natureza grosseira do homem.
Comer a carne, e simbolicamente engolir o poder do pai, naquele contexto do filme está dirigido ao repasto totêmico, inaugurando a ordem do simbólico. Pois, até então, o simbólico não permeava as relações da Horda Primeva. A comilança da carne foi uma primeira tentativa de romper com o primitivo, porém a pulsão de morte se impôs, trazendo a repetição da cena. E, no fim, o pai manteve-se como absoluto detentor do poder.
* Foto: Nino Manfredi no filme Feios, Sujos e Malvados.

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